Eu e a Brisa
Voltando da vida boêmia,
Passos desgovernados,
Mente absorta no veneno,
Estou suspenso no vazio;
Então você vem me acompanhar,
Tu que és a carícia da solidão,
O eco do grito da criação
Que sopra em suavidade nas matérias,
Sobretudo os rostos,
Que gostas tanto de beijar;
Você traz as minhas narinas
A radioatividade da explosão de perfumes
Da flora brasileira,
Imediatamente minha língua
Mescla seu doce com o amargo da solidão
E os meus olhos desenrolam
A cortina de vertigem do mundo
Para observar os olhos fixos
Da natureza em mim,
Vendo a dança das roupas
Que você rege em meu corpo
E tua infinidade leva minha
Existência ao resto do mundo,
Então me imagino sendo você,
Indo acalentar as folhas
De uma copa pelas mães e irmãos
Perdidos em uma tempestade,
Oscilo de temperaturas
Sem perder a suavidade,
Depois me absurdo de como danças
Serena na fumaça que é rude contigo
E me apaixono no teu acasalamento
Suave com a maresia;
Volto a mim quando chego em casa,
Me despeço de ti e me sinto
Cruel por lhe deixar na porta,
Pois só posso ir para cama com a solidão,
Ou com alguém que afogue meu fôlego
E aniquile todo meu ar.