Os pássaros vieram adoçar
Meu café
Com seus doces cantos de aurora
Comi uma torrada com geléia
De bico de rouxinol
Tomei uma xícara de leite
De pássaros
Li um poema do patativa
Com uma fatia de papaia
E um pedaço de pitaya
Nesta manhã de puro sol
Ainda respingada por gotas
Das chuvas de anteontem
E repleta deste azul dos céus
E de pássaros encantados
Era uma manhã
Em que o chá fumegante
Exalava o vapor das campinas
E entrava pelas minhas narinas
Com seu aroma perfumado
Que até as frutas mortas
Daquela pintura a óleo
Pareciam que tinham sangue
E suas artérias pulsavam
Como as sempre-vivas
E as violetas do jardim
Até o cuco do velho relógio
Da parede
Quando saiu para cantar
Parecia que desafiava a eternidade.
Luiz Alfredo - poeta