O LOUVADEUS
Louvava, e eu não sei porque
A criatura voraz...
Talvez pedindo perdão
Àquilo que o alimentava.
Agarrava com as patas
Borboletas, gafanhotos,
E enquanto os devorava,
Pousado na folha, louvava...
Seria de gratidão
Ou quem sabe, de prazer
Pelas carcaças sugadas
Das quais ele desfrutava?...
Não sei; só sei do que vi,
E sua sina, não julgo:
Alimentar-se dos outros
Sem dó e sem piedade
Com grande voracidade
Enquanto louvava, louvava...