Sinal Fechado
O rio secou, o mato cresceu, o vento parou,
O mar vazou, a maré baixou, o barco encalhou,
A mãe enlouqueceu, o menino adoeceu, o pai viajou,
A lua minguou, o sol esfriou, o mundo mofou.
A chuva parou, a casa ruiu, a noiva fugiu,
O irmão pereceu, o avô chorou, o caixão encolheu,
A lâmpada queimou, a velha variou, a boia soltou,
O preso escapou, o farol apagou, a terra tremeu.
A estrela sumiu, o dia escureceu, o pneu furou,
O trem atrasou, o corpo fedeu, o filho partiu,
O mel derramou, o pão endureceu, a carne apodreceu,
A unha encravou, o queixo caiu, o rei mentiu.
A água entornou, o leite azedou, o café congelou,
O relógio explodiu, o sapato furou, a boca murchou,
O terno rasgou, o lenço manchou, o circo queimou,
O cavalo morreu, o violão desafinou, o cheque voltou.
O pé rachou, o fígado estragou, a cabeça fundiu,
A faca cegou, a panela enferrujou, o óculo trincou,
O elevador emperrou, o anel oxidou, o pó evaporou.
A cinza espalhou o cofre explodiu o jogo terminou
A arma travou, a bola estourou, o livro rasgou,
A ponte cedeu, à porta rangeu, o vestido puiu,
O papel voou, a árvore tombou, o piloto desapareceu,
O sonho acabou, o chão afundou, o sinal fechou.