Sinal Fechado

O rio secou, o mato cresceu, o vento parou,

O mar vazou, a maré baixou, o barco encalhou,

A mãe enlouqueceu, o menino adoeceu, o pai viajou,

A lua minguou, o sol esfriou, o mundo mofou.

A chuva parou, a casa ruiu, a noiva fugiu,

O irmão pereceu, o avô chorou, o caixão encolheu,

A lâmpada queimou, a velha variou, a boia soltou,

O preso escapou, o farol apagou, a terra tremeu.

A estrela sumiu, o dia escureceu, o pneu furou,

O trem atrasou, o corpo fedeu, o filho partiu,

O mel derramou, o pão endureceu, a carne apodreceu,

A unha encravou, o queixo caiu, o rei mentiu.

A água entornou, o leite azedou, o café congelou,

O relógio explodiu, o sapato furou, a boca murchou,

O terno rasgou, o lenço manchou, o circo queimou,

O cavalo morreu, o violão desafinou, o cheque voltou.

O pé rachou, o fígado estragou, a cabeça fundiu,

A faca cegou, a panela enferrujou, o óculo trincou,

O elevador emperrou, o anel oxidou, o pó evaporou.

A cinza espalhou o cofre explodiu o jogo terminou

A arma travou, a bola estourou, o livro rasgou,

A ponte cedeu, à porta rangeu, o vestido puiu,

O papel voou, a árvore tombou, o piloto desapareceu,

O sonho acabou, o chão afundou, o sinal fechou.

Stephem Beltrão
Enviado por Stephem Beltrão em 25/04/2013
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