Um sonho de brincadeira

O ar alivia o calor impingido pelo sol

pelo fogo do fogão

da sopa quente

O ar se espalha

espalha o perfume

e os cheiros das flores

das mulheres

dos homens

Quando o vento resolve brincar atrevida e velozmente

sobe a saia da moça para

Lamber a coxa da moça

Lambe pernas e pés do homem

Tira o chapéu do homem

Despenteia os cabelos do homem

O ar espalha o cabelo reserpenteando

O ar teima em apagar o fogo

envolver o fogo

manter firme e cativo

O ar amorna e aplaca o fogo

Ao mesmo tempo o aviva

Espalha calor e luminescência

As árvores amigas do ar

brincam noite e dia

lançam suas folhas

suas flores

para o vento brincar

O vento afasta

aproxima as folhas das árvores

Carrega as flores para o alto

toma

devolve

aos pés da árvore

joga na terra para renascer

O vento faz subir o telhado

leva as bolhas de sabão bem para o alto

lentamente os balões sobem as montanhas

lá fica plainando

Depois de tanto brincar

Devolve o balão ao chão

O ar revolve as águas

tange para dentro

para fora dos mares

Um bailado ininterrupto

eleva as águas no mais alto dos céus

joga-as para baixo de novo num jogo incessante

O vento move as águas

Um remanso

Um bailado lento

aconchegante

O ar é atrevido e brincalhão

O ar é menino moleque

É suave

É feroz

É gentil

É grosseiro

O vento conta segredos

Revela o que se esconde

Desvela um sonho

Anaraujo
Enviado por Anaraujo em 14/04/2013
Reeditado em 19/10/2013
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