Um sonho de brincadeira
O ar alivia o calor impingido pelo sol
pelo fogo do fogão
da sopa quente
O ar se espalha
espalha o perfume
e os cheiros das flores
das mulheres
dos homens
Quando o vento resolve brincar atrevida e velozmente
sobe a saia da moça para
Lamber a coxa da moça
Lambe pernas e pés do homem
Tira o chapéu do homem
Despenteia os cabelos do homem
O ar espalha o cabelo reserpenteando
O ar teima em apagar o fogo
envolver o fogo
manter firme e cativo
O ar amorna e aplaca o fogo
Ao mesmo tempo o aviva
Espalha calor e luminescência
As árvores amigas do ar
brincam noite e dia
lançam suas folhas
suas flores
para o vento brincar
O vento afasta
aproxima as folhas das árvores
Carrega as flores para o alto
toma
devolve
aos pés da árvore
joga na terra para renascer
O vento faz subir o telhado
leva as bolhas de sabão bem para o alto
lentamente os balões sobem as montanhas
lá fica plainando
Depois de tanto brincar
Devolve o balão ao chão
O ar revolve as águas
tange para dentro
para fora dos mares
Um bailado ininterrupto
eleva as águas no mais alto dos céus
joga-as para baixo de novo num jogo incessante
O vento move as águas
Um remanso
Um bailado lento
aconchegante
O ar é atrevido e brincalhão
O ar é menino moleque
É suave
É feroz
É gentil
É grosseiro
O vento conta segredos
Revela o que se esconde
Desvela um sonho