Ode à Árvore da Vida

Lembro-me ainda! Quase meio-dia...

O sol a pino. Era longo estio.

Montes de palha em fila...Um desafio

para um mergulho tipo acrobacia.

A cada pura e ingênua imersão,

nuvens de pó surgiam, às camadas,

daquele mar de folhas recortadas,

desidratadas em transmutação.

Da carnaubeira, tudo se transforma:

aquela nuvem branca vira cera

e a verde palma que se desfizera

vai adubar u’a planta que se forma.

O grande caule, ereto, majestoso

que serve ao homem para arquitetar,

à semelhança nobre de um cocar,

de palha exibe o leque tão formoso!

Tal qual milagre, muitas coisas mais

da planta santa, então, ainda se tira.

Da fina fibra que se chama embira,

tecem-se peças bem artesanais.

O fruto é verde, é roxo, é ovalado...

Serve de pão ao homem e aos animais,

quando o verão é longo e não há mais

o que brotar no solo esturricado.

Eu te bendigo, amiga benfeitora

da sofredora terra nordestina!

Em teu cocar, jandaia alencarina

grita com amor: Salve, Redentora!

É com razão que planta tão querida,

a elegante e nobre carnaubeira,

por resistir à seca traiçoeira

foi batizada de Árvore da vida!

***

Maria de Jesus Fortaleza, 18/02/2013

Maria de Jesus
Enviado por Maria de Jesus em 18/02/2013
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