IPÊS - CANTO VI
Se nos sentimos inúteis
no inverno de nossa vida,
façamos como os ipês
que, mesmo velhos ou novos,
vêm doar-se totalmente
no tempo de florescer!
Quando vem chegando agosto,
em que está tudo queimado
e seco da estação,
reaparecem os ipês,
surgindo do anonimato,
na sua ressurreição!
Vão descartando as folhinhas,
vão se enchendo de florinhas
como sóis resplandecentes!
E no meio das campinas,
nos vales e nas colinas,
se doam como presentes!
E vão ensinando ao mundo
que a vida é maravilhosa,
que ninguém é impotente.
Experiências vividas
são riquezas cumuladas
do Criador para a gente!
Doemo-nos como ipês
que, depois da floração,
se desnudam e se escondem;
mas suas flores douradas
que coloriram o chão
deixaram lá as sementes!