MOMENTO ATEMPORAL
O vento e a chuva principiaram
Açoitando a face fria da vidraça
São as lágrimas pluviais lavando
Cada espaço de vidro que realça
Parece até que a janela chora
Sua angustiada vida decorrente
Mas, se atentar melhor, vejo-a sorrindo
Pois ao lavar a face, a alma é purificada
E a vidraça adora que a chuva
Fustigue sua face empoeirada
Depois que a chuva lava e passa
Todas as gotas se esgotam exauridas
É chegado o vento que uiva convulsivo
Então, a transparência aparece, afinal
Vejo a vidraça sorrir feliz e transparente
Lisa, limpa, cristalina e hilariante
Altaneira em seu semblante ancestral