DOCE VISÃO

Minha sempre-lustrosa cresceu, virou árvore

e eu não a vi crescer!

Também é tanta a correria!...

Ainda ontem, quando eu voltava a casa,

exausta no físico e na mente,

de longe a vi.

Saiu do canteiro,

entrelaçou-se na grade do jardim,

e ergueu-se firme e forte para o alto e para a rua!

Espalhou seus lastros redondamente

e na ponta de cada um,

como se fosse um foguete de lágrima quando explode,

rebentaram-se florinhas rubras

que se oferecem, dengosas e bamboleantes,

a todos os passantes!...

E não é que na sua beleza singela,

na sua simplicidade vermelha, eu me perdi?!

E por lá ficou perdida também a minha exaustão mental!

Quando entrei em casa,

só o cansaço físico é que pesava.

Parecia milagre!

E não o terá sido?!

Se não foi, foi feitiço.

Ah, flores... flores...

Sempre feiticeiras,

sempre misteriosas,

sempre-lustrosas!...

NEUSA RAMOS
Enviado por NEUSA RAMOS em 10/01/2013
Código do texto: T4077667
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