DOCE VISÃO
Minha sempre-lustrosa cresceu, virou árvore
e eu não a vi crescer!
Também é tanta a correria!...
Ainda ontem, quando eu voltava a casa,
exausta no físico e na mente,
de longe a vi.
Saiu do canteiro,
entrelaçou-se na grade do jardim,
e ergueu-se firme e forte para o alto e para a rua!
Espalhou seus lastros redondamente
e na ponta de cada um,
como se fosse um foguete de lágrima quando explode,
rebentaram-se florinhas rubras
que se oferecem, dengosas e bamboleantes,
a todos os passantes!...
E não é que na sua beleza singela,
na sua simplicidade vermelha, eu me perdi?!
E por lá ficou perdida também a minha exaustão mental!
Quando entrei em casa,
só o cansaço físico é que pesava.
Parecia milagre!
E não o terá sido?!
Se não foi, foi feitiço.
Ah, flores... flores...
Sempre feiticeiras,
sempre misteriosas,
sempre-lustrosas!...