IPÊS - CANTO II
E agosto aporta, mais uma vez, no tempo!
E não vem sozinho.
As frias rajadas do inverno,
Num soprar constante que assanha os cabelos
E levanta o pó da estrada,
Acompanham-no, marcando o calendário.
Nos campos, as marcas desumanas das queimadas
Ou o perigo iminente das mesmas,
Pela sequidão das ervas rasteiras!
E pensar que é nesse cenário
De fumaça, poeira e vento,
Que surgem, não mais que de repente,
Silenciosamente, os ipês!
Pequenos sóis que vão se acendendo
Num contraste entre a sensibilidade e a crueza!
Dentro de pouco tempo,
Todos os vales, colinas e montanhas
Estarão inundados pela beleza amarela
Derramada, com abundância, sobre as copas
Na paisagem agreste!
Então, a sensibilidade gritará alto
Na mensagem dos ipês!
E com o soprar do vento,
Vão se revestindo os galhos há pouco tão desnudos,
Deixando cair as sobras,
Como se fora um lauto banquete,
Oferecendo o mais belo dos tapetes!
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Benditos ipês!
Como não cantar a cada ano,
Essa força avassaladora de vida,
Essa promessa perene de Deus entre os homens?!