IPÊS - CANTO II

E agosto aporta, mais uma vez, no tempo!

E não vem sozinho.

As frias rajadas do inverno,

Num soprar constante que assanha os cabelos

E levanta o pó da estrada,

Acompanham-no, marcando o calendário.

Nos campos, as marcas desumanas das queimadas

Ou o perigo iminente das mesmas,

Pela sequidão das ervas rasteiras!

E pensar que é nesse cenário

De fumaça, poeira e vento,

Que surgem, não mais que de repente,

Silenciosamente, os ipês!

Pequenos sóis que vão se acendendo

Num contraste entre a sensibilidade e a crueza!

Dentro de pouco tempo,

Todos os vales, colinas e montanhas

Estarão inundados pela beleza amarela

Derramada, com abundância, sobre as copas

Na paisagem agreste!

Então, a sensibilidade gritará alto

Na mensagem dos ipês!

E com o soprar do vento,

Vão se revestindo os galhos há pouco tão desnudos,

Deixando cair as sobras,

Como se fora um lauto banquete,

Oferecendo o mais belo dos tapetes!

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Benditos ipês!

Como não cantar a cada ano,

Essa força avassaladora de vida,

Essa promessa perene de Deus entre os homens?!

NEUSA RAMOS
Enviado por NEUSA RAMOS em 09/01/2013
Código do texto: T4075143
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