DOCE RIO DE MINHA ALDEIA
DOCE RIO DE MINHA ALDEIA
Feliz mesmo, é estar de volta à beira rio,
Sentir o aroma da relva orvalhada, em núpcia.
Nada mais terno, sublime, prazeroso...
Avistar-se com o folguedo das águas,
Que deliciam o banhar das almas juvenis.
Lenda viva desta terra, acalanto de sonhos.
Solene, navegou e assistiu nossa história.
Aos vindos da ribeira o rio reflete mais...
Muito mais que mares e oceanos.
Doce artéria, dádiva e candura do divino ser.
Leva a calda preciosa que aduba o solo,
Contornando os palmeirais do vale,
Onde as fendas da ribeira cede o seio.
Nutre nossa gente, abrandando a sede
De arenosas vazantes sob cuxazais.
O rio não cobra recompensa por usá-lo.
Fatigado, reboca a vida sem lamentar a sorte.
Sereno a espraiar-se, o venerável rio,
Serpenteia o verde manto das campinas
E segue vagueando na eternidade incerta.
Oh! sagrado Mearim, não o indago nem o incomodo.
Mergulhando em mim, mesmo, é que contemplo
O vigor do teu ser e a ternura de tuas águas.
És meu querer, tens minha reverência infinda.
Josafá Bonfim, poeta, cronista e autor literário.