MARGINAIS
Hoje, quando o sol se despedia,
Antes que a sombra deslizasse a sua mão fria...
Deitei sobre areias úmidas,
Sentindo espargidas ondas
Lamberem em carícias tímidas,
Pedras e formas rígidas.
Caindo num sono profundo...
Melodias infundiam...
Sonhos e devaneios íntimos.
O vento pousava a voz rouca...
Na boca atiçava o gosto salino...
Na pele... rosto, corpo...
Força de músculos, correnteza de mar...
Aguçava imaginar...
O mover da maré...
Quando o sol por fim se despediu;
Inoportuna sombra resfriou.
Vindo a onda noturna perpetuar a saga de amansar... Pedras.
Indo... Sobre areias ínfimas do mar.
Pares de pés por rastros.
E a multidão de astros a caçar...
Marginais amores e suas digitais.
CRISTIANA MOURA