A HORTA
Aos pés da Mãe Mangueira ,
Sob o olhar vigilante do Pai Jambeiro,
Vive numerosa e bem nutrida prole:
Poejo, Cânfora, Jambu, Melissa
Brincam de roda com o gigante Mamoeiro.
Trepados no jirau que já não se pode ver
Está a delicada Erva Cidreira e o valente Chuchuzeiro.
Melão de São Caetano, o menino curandeiro,
Invade o espaço do doce Maracujá.
Salsinha, Capim Santo, Hortelã, Orégano, Manjericão
Perfumam a casa da família Jambangá,
Sob a batuta do Cipó-de São-João.
A gorducha Babosa agrada ao resistente Elixir Paregórico
Com quem forma par folclórico
No São João do Arraiá.
Desfila colorida e maquiada a bela Capuchinha,
Que disputa com o discreto Alecrim
E a engomada Malva Rosa,
Prêmios no concurso de beleza da elegante Cavalinha.
Carqueja, Losna e Sete Dores sofrem de amargura
Por serem preteridos à Stévia, a magrinha doçura.
Bebê Poejo, agarrado à saia da Mãe, reclama!
Quebra-Pedras e Tachangem se deitaram na sua cama.
Mãe Mangueira e pai Jambeiro, atentos à realidade, alertam:
Crianças, entendam-se! Vocês formam uma irmandade.
Reverenciem a Água, o Húms, o Sol!
Vem deles vosso fortalecimento.
Respeitem Pássaros, Borboletas, Insetos.
São eles que vos encantam e preservam discretos.
Aplaudam Minhocas, Lagartixas e até o Caracol!
Se lhes somos arrimos, em cíclica contrapartida,
É deles que também nos nutrimos.
(Poesia gravada em vídeo – jun-2012: Youtube
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=3zHpV5LEBgI