Cavidades
CAVIDADES
Muitos são os orifícios,
Distintos vazios a ecoar,
Refletem minha ânsia, pasma,
Destino de nada servirá.
Não contente, nada preenche,
minha carência, insatisfeita, lânguida,
só cresce, o desejo impetuoso,
que anula, minha vontade.
Que raiva, que tormento,
Cavidades só aumentam,
Redemoinhos me jogam,
em teus braços novamente.
Quero mais, quero mais,
não saciei o suficiente,
quanto mais me atropelo,
meus anseios, gritam, te quero...
Jogo, danço, durmo,
trabalho, vagueio, curto,
faço sexo, me alimento,
e continuo vazio, vazio...
Lacuna, te criei sem boca e sem fundo,
já destes a volta ao mundo,
e nem por um pequeno segundo,
ficas saciado vagabundo.
Sou desejo, sou trevas,
sou de barro, sou tigela,
a mais bela das donzelas,
sempre a procura dela.
Do fundo comecei,
ao fundo já desci,
não faz diferença,
apenas adormeci.