VOLTA DA SABIÁ
Quintal andava vazio
Largado, em frangalho
Restava ninho no galho
Enfeite, penduricalho
No velho limoeiro
Faltava o assovio
Alerta alvissareiro
De uma ave no cio
Repentino espalhafato
Dentre flores e mato
Vôo de flecha se dispara
Esbarra na taquara
Assustado coração
Saltita sobre o muro
Arisca, distrai atenção
Olhar no porto seguro
Percebo que a jeitosa,
Paciente e caprichosa
Refez cada pedacinho
De gravetinhos uma casa
O espacinho macio
Onde o calor de sua asa
Fez brotar novos cantares
Único, par e trio
Que se foram pelos ares
Volta da sabiá de outrora
Em visita ao meu pedido?
Será um daqueles filhotes
No mesmo ninho nascido?
Ah! Importa é que agora
Vê-la ciscando o jardim
É como se o tempo voltasse
Uma esperança renasce
Ela ali olhando para mim
Parece fazendo fricotes
Assovio a dizer-lhe, enfim
Bem vindos novos mascotes...