Transformações da gente

Não aceito bem o envelhecimento

Se não for saudável e sem sofrimentos

Resisto também à decrepitude

À estética transformada mesmo com saúde

Melhor com as vantagens da experiência

Sem a troca injusta pela da aparência

Quando a gente passa a se conhecer

Reduzem-se as chances de achar tudo a ver

Seletivo, frágil e mais afetivo,

A gente vai ficando quando envelhece

Agradece ter chegado vivo

Mas quando se olha não se reconhece

Paciência para uns casos, noutros à flor da pele

Porém é maior o rol do que nos afeta

Cada vez mais a idade nos compele

A provar da amarga trilha que nos resta

Quem sabe do mundo é quem já viveu

Tirando proveito dos aprendizados

Pagou tanto mico que já se esqueceu

Que é a vez dos jovens serem experimentados

A gente descobre que respeito é cômodo

E quase também esquece que o merece

Se alguém chorar você oferece o ombro

E consola assim, como quem desconhece...

Difícil é lidar com a energia exaurida

Quando se arvora em ser quem não é mais

Admitir mudar todas ou muitas lidas

Descobrir a substituição que lhe apraz

Alguns mandamentos assim, tipo, sob segredo...

Alguns costumes novos para a autodefesa

Explorar cada um dos caminhos em que me enredo

Aprendendo lento como o tempo enseja