Perdoe
Perdoe o cheiro do mato
O tom azul do sanhaço
A flor no leito do rio
Perdoe a onça no cio.
Perdoe o dourado do mico leão
E o voar do azulão
O pôr-do-sol e as estrelas
Perdoe a grama rasteira.
Perdoe o gado e a mata
O serenar da cascata
O céu azul e as palmeiras
Perdoe a cobra e a presa.
Perdoe o cantar da araponga
O mar, as praias e as ondas
O entardecer e a noite
Perdoe o inhambú que se esconde.
Perdoe a cor do canário
O rio, os peixes e os lagos
O vento a chuva e o frio
Perdoe o pardal no seu fio.
Perdoe o tigre por matar
E o seu cão por ladrar
O bem-te-vi e as garças
Perdoe os pombos nas praças.
Perdoe o condor por planar
E o gavião por caçar
Enfim, perdoe a mãe natureza
Por ter parido a beleza.