CÓDIGO DA MORTE
Mãe frondosa de mil braços
Quantos serão teus corações?
Que de quantos braços tantos abraços
Ofertas em troca das orações
A serra fria não se move
Senão pelas mãos valentes
Da ambição que sem dó remove
As matas num ritual doente
Mãe bondosa de mil frutos
Quantas serão tuas sementes?
Que de tantos tombos, tantos furtos
Renasce filha noutro lugar contente
Quem me dera ter o mesmo dom
E paciência pra suportar a espera
Sem medo da serra e do seu som
Pra me acasalar só na primavera
Mãe cheirosa de mil perfumes
Porque oferta- lhes macias cadeiras?
Que de tantos lucros já é costume
Em nada mais pensar, senão em tua madeira
A mesma serra que te mutila te vinga
Da tragédia cruel, impiedosa e soturna
E faz de teu corpo nossa morada finda
Eternamente triste na mortuária urna