CICLO DO VENTO

CICLO DO VENTO

I - Dança

A folha que rodopia

ao vento,

não tem noção, sentimento,

deste seu rodopiar;

não sabe se é de alegria

sua dança, seu movimento,

ou só se deixa levar;

gira, sobe, alça voo,

paira um pouquinho no ar,

depois tomba, sem tristeza,

e recomeça a dançar;

e é bonita esta dança,

o movimento, a leveza

da folha que não se cansa

de tanto rodopiar.

II - Tempestade

O vento que passa assobiando

E com rudeza bate na janela,

Traz folhas soltas que vão rodopiando,

E, em seu bojo, o anúncio da procela.

Transborda em frias águas o céu cinzento

De nuvens, que rolam loucamente;

Relâmpagos cruzam depressa o firmamento,

Trovões ribombam, atordoando a mente.

Sob a chuva que cai no solo já encharcado,

Árvores vergam, pássaros tremem e, com um gemido,

O homem olha o céu, apavorado.

Mas de súbito renasce a esperança:

Um raio de sol, na água refletido,

Brilha ao longe, aonde a vista mal alcança.

III - Vento

Faz medo, às vezes, o vento.

Ao sacudir as vidraças

Quando passa, violento,

Traz presságios de desgraças.

À mente vêm-nos imagens

De uma terra castigada,

De convulsas paisagens

Por sua ira devastadas.

Árvores desnudadas,

Folhas rolando ao léu,

Coisas sendo arrastadas.

Na voragem da ventania

O que é da terra sobe ao céu

E sem querer rodopia...

IV - Ventania

O ar em seu movimento,

se é calmo é brisa macia,

mas quando corre veloz,

impaciente, barulhento,

chama-se ventania.

Lu Narbot
Enviado por Lu Narbot em 07/07/2012
Código do texto: T3765337
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