MATA DENSA

Mata densa. Campos e bosques, parentes distantes. Aquela, em sua densidade, desconhece cantos e ninfas, dependentes do ar fresco desses outros. Mata densa, sufocante, produz sua própria mitologia. Uma teogonia bárbara, produz – Ordenhava quando sentiu dores. Acocorada, fez força três vezes. Pariu-se – Seu discurso: um não-discurso. Ideias interrom... Sons da Mata. Chia chiado chia... Aquela pausa; uma censura? E aqueles gritos? Adesão? Protesto? Mata densa. Densíssima ma... Folhas, se secas no chão, pedem queda escorregão. Galhos, pancada. Cobras: “Pise em mim, pise em mim!”. E Céu? O que pede? De trás das copas manda recado. Gotas tímidas ferem tambores. Vozes-Aves: “Vou embora, sei se volto não! Vou embora...”. Chuva aperta. Rio avança à margem. Exibe, cheio de si, apoio angariado do Céu. Ronca. Mata cede. Sua sina ceder – Garoto, em suas fraldas, para diante da porta entreaberta. Quarto se insinua pela fresta. Hesita. O que, lá dentro? Entro, papai? Entrou. Nem ouviu. Sina dos quartos escuros ceder à curiosidade dos meninos - Mata quarto escuro ar parado. Sua sina ceder ao ronco da motosserra. Dorme acorda bosque. Dorme acorda campo. Corte Raso.

Teixeira Duarte
Enviado por Teixeira Duarte em 01/07/2012
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