A Terrível Dama
Faça silêncio um segundo.
Ouça, ao seu redor, o mundo.
A calma pairando no ar
Precede o que vai chegar.
Ouça esse silêncio em volta;
Em breve virá a revolta,
Aos poucos e lentamente
Contra o vil e o inocente.
Controle a respiração,
Ouça a aproximação
Da bela e terrível Dama
Que o vento indomável chama.
Ela chega devagar
E parece sussurrar
Nas folhas e na janela.
Ouça! Chegou a vez dela.
O sussurro vai crescendo
E a Dama vai tecendo
Seu cenário cinza e frio
Que durará até o estio.
Tal Dama, bela e terrível,
Com um grito grave e horrível,
Chega com sua fúria
E ela é toda dor e injúria.
Mas não há por que temê-la.
Pois nos cabe apenas vê-la,
Bela e terrível como é,
E beber nosso café.
Não se engane, é desastrosa.
É também muito ardilosa
E por demais violenta.
Seu ódio ninguém aguenta.
Mas é bela de se ver.
É belo vê-la crescer,
Esperar sua chegada
No silêncio, ao som de nada.
Ouvi-la crescendo aos poucos,
Aturdindo sãos e loucos.
Vê-la atingir a cidade.
Ver a bela e terrível Tempestade.
William G. Sampaio [30/04/2012]