Inorgânicos

Diante do morro uma vitrine que exulta,

O vento que corre acariciando as têmporas,

O surto poluído que maltrata e leva embora

A beleza em que o olhar mergulha nas horas curtas.

Campeia uma devastação que deixa a natureza constrangida...

Espesso nevoeiro rebola ao redor das nuvens cinzentas,

Orvalho doentio fotografa mazelas e o pólen se ausenta

Da flor seca regada ao deboche da atmosfera carcomida.

A morte é “status quo” que configura o destino

Das vidas que se rastejam na terra e no ar ferino

E dos próprios astros que padecem na fuligem atômica...

Eis o ensaio de uma fossilização que se aproxima,

Nada restará no diagrama, quer embaixo, quer em cima,

E nem o vácuo reportará vestígios de vida orgânica!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 17/06/2012
Código do texto: T3728812
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