MAIS QUE VINTE CANÇÕES AOS NOSSOS " RIOS"

Certa vez num vasto oceano

Ouvi uma sereira cantar...

Cantava alguns desenganos

Ao futuro dos frutos do mar.

Ali os ameaçava o Homem

Do seu ecossistema banido,

Aonde belas borbulhas do ontem

Os peixes também as haviam perdido.

Bradavam pelo direito dos rios

De meandros tão passageiros!

Quedavam como as cachoeiras

De destino pouco alvissareiro.

E a superfície da praia

Saudosa de estrelas do mar,

Uma fina prata a ofuscava

Sob a triste luz do luar.

Os peixes e os caranguejos

Todos entre corais a chorar

Um dia às lulas imploraram

Para que o ceú elas o fossem buscar.

E com aparente bravura

Sempre... sempre a discursar!

Bons rios com toda lisura...

Ao mar iriam desaguar.

Mas os tubarões traiçoeiros

Em meio a tanta falcatrua!

Só pelo poder do dinheiro

Roubaram o sol e a lua.

Sem luz o oceano inteiro

Convocou uma convenção:

E num estatuto brejeiro

Procuravam nova solução.

O mar corria muito perigo...

Ao silêncio da mais nobre lula!

Num mar já sem oxigênio

A vida ali seria escura.

Novo Rio ressurgiu dum perene

Resfôlego da ecologia,

E aos vinte mais do vigente

Comando da Terra, pedia:

Por mais consciência ecológica

Ao planeta e à sua economia!

Sem rumo nunca há nobre lógica,

A vida não sobreviveria.

Um dia a mesma sereia

Calou o seu canto no mar,

Se era canção verdadeira...

Só a História nos irá revelar.