As Flores do Mal
Afasta de mim o jasmim
A cor branca bruxuleante
Que finada dizes a mim:
-Sou o teu sonho delirante
E não quero do doce olor
Sentir da margarida o aroma
Tem as pétalas tanto amor
-Mas no horror me assoma!
Fujo tal qual um velho gatuno
Do cravo e a aura escarlate
Sou das trevas filho noturno
E na solidão ergo o baluarte!
O que dizer então para a rosa
Flor de beleza e espinho?
Que na paixão se desabrocha
Mas em dor morre sozinho!
Não creio que o plano astral
É tão vívido e repleto de cores
Todo o desejar é sonho carnal
Dos ramos das malditas flores!