Desconstrução
A modernidade cresce dentre os sobrados,
Lindos barracos inacabados acabam sendo destruídos
Pelo poder da construtora.
São pescadores meu senhor,
Minha indignação não cabe em mim.
São pescadores e chegaram aqui antes mesmo dos burgueses “descobrir”,
Quando Itapuã ainda era mato coberta de sapo e lixo por ai.
Por isso eles têm mais direitos do que ti.
Cuidavam daqui antes mesmo de você existir
Esse meu desejo de voz se engasga junto ao meu choro,
As lagrimas descem sem que eu perceba.
Mas volto a me sentir fortes quando vejo que esses mesmos braços
Que puxam redes, juntam suas forças e erguem seu próprio espaço,
Se não pode ter mais casa de madeira tudo bem construímos nosso próprio prédio.
E constroem lindos prédios de três a quatro andares
Pintados pela mão de quem sabe puxar, de quem sabe pescar
De quem sabe a verdadeira cor do mar, do céu da noite das estrelas.
São prédios lindos aconchegantes e pequenos
Que combinam muito mais com esse bairro tão pequeno.
E deixam assim o sol entrar por entre as ruas,
Coisas que esse novos espigões só faz tampar
E diminuir a claridade e a beleza do dia.
Se continuarem assim a unir vossas forças
Salvarão a beleza escondida de cada dia