Falso Discurso
Quanta tristeza em meu coração!
quando vejo a beleza do mundo aos pouco morrendo, sem compaixão.
Como risco de tinta lentamente sumindo, da palma da mão.
Quanta tristeza em meu coração!
Quando procuro o encanto noturno do céu e só vejo fumaça,
cobrindo a magia das estrelas e a beleza da lua de pata,
que ainda ontem brilhava sobre as montanhas distantes
e verde das matas.
Quanta tristeza em meu coração!
quando ouço calado no alto do vídeo
o falso discurso do mesmo patrão,
de terno e gravata e planilha na mão.
Na ponta do lápis o cálculo exato,
o lucro certeiro da produção.
Compassivos ouvidos ouvintes que ouvem calados,
o estrondo sonoro da máquina. A máquina pesada.
O Grito da mata. A mata fechada posta no chão.
A fábrica gigante, como ciclope, em construção.
Em sua volta o silêncio esperado.
Nada de flor. Nada de canto. Nada de pássaro.
Só o distante lamento choroso da lua calada,
contemplando a cinza da mata queimada
e bicho fugido... da região.
Do cerne do tronco ainda em brasa, a negra fumaça.
A Fera gigante apitando distante, o esgoto da fábrica.
No leito do rio, na lâmina d´água,
peixes boiando na podridão.
Quanta tristeza em meu coração!