"HOMEM"
Valdemiro Mendonça
Vais matando o rio ferindo o mar,
Jogando no leito a sujeira fedida,
Vais obrigando ao rio a carregar,
Toda tua podridão sempre varrida!
Tuas doenças de um animal louco,
Que vai matando pouco a pouco...
Tudo aquilo sadio e que te da vida.
O rio rola manso sobre as terras,
Para levar a pureza da fertilidade!
Vai contornando todas as serras,
E passando por dentro da cidade!
Vai descendo veloz a corredeira,
Despenca no salto da cachoeira...
No seu lindo voo para a liberdade.
Porque tu não permites ao rio viver,
Sem tirar da margem o seu verde?
Para que assim não o vejas morrer...
Ante o teu machado e a tua rede!
Matas o verde macula as águas...
E no fim as suas próprias mágoas,
Não conseguirão matar a tua sede.
O rio num estrondoso mergulho,
Salta a cachoeiras a ribombar!
Grita chora e faz muito barulho,
Que vai se espalhando pelo ar...
O grito é um pedido de socorro,
Não me mates, eu mesmo morro...
Quando me atiro dentro do mar.
Tu ó “homem” herdastes a terra,
Defenda-a, pois, da destruição.
Faça amor não faças a guerra...
O Teu orgulho e a tua ambição,
Vão terminar com a tua morte...
Então porque não mudas a sorte,
Dos humanos que um dia virão?
O mar com a onda que arrebenta,
Da - nos de graça, um belo porvir!
Separa da água a parte fedorenta,
E ela gasosa se evapora, para subir.
E volta cristalina, cheia de pureza,
Um processo milagroso da natureza,
Que nós “homens”, queremos destruir.
Trovador