"HOMEM"

Valdemiro Mendonça

Vais matando o rio ferindo o mar,

Jogando no leito a sujeira fedida,

Vais obrigando ao rio a carregar,

Toda tua podridão sempre varrida!

Tuas doenças de um animal louco,

Que vai matando pouco a pouco...

Tudo aquilo sadio e que te da vida.

O rio rola manso sobre as terras,

Para levar a pureza da fertilidade!

Vai contornando todas as serras,

E passando por dentro da cidade!

Vai descendo veloz a corredeira,

Despenca no salto da cachoeira...

No seu lindo voo para a liberdade.

Porque tu não permites ao rio viver,

Sem tirar da margem o seu verde?

Para que assim não o vejas morrer...

Ante o teu machado e a tua rede!

Matas o verde macula as águas...

E no fim as suas próprias mágoas,

Não conseguirão matar a tua sede.

O rio num estrondoso mergulho,

Salta a cachoeiras a ribombar!

Grita chora e faz muito barulho,

Que vai se espalhando pelo ar...

O grito é um pedido de socorro,

Não me mates, eu mesmo morro...

Quando me atiro dentro do mar.

Tu ó “homem” herdastes a terra,

Defenda-a, pois, da destruição.

Faça amor não faças a guerra...

O Teu orgulho e a tua ambição,

Vão terminar com a tua morte...

Então porque não mudas a sorte,

Dos humanos que um dia virão?

O mar com a onda que arrebenta,

Da - nos de graça, um belo porvir!

Separa da água a parte fedorenta,

E ela gasosa se evapora, para subir.

E volta cristalina, cheia de pureza,

Um processo milagroso da natureza,

Que nós “homens”, queremos destruir.

Trovador

Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 26/04/2012
Reeditado em 01/05/2012
Código do texto: T3634436
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