"NATURAL - II -"
Valdemiro Mendonça
Sentado a margem de um belo rio
Sob a ramagem densa e protetora
De uma árvore alta e muito antiga...
O sol espantou a friagem matutina,
E naquela sombra boa, acolhedora,
Meu corpo sentiu uma brisa amiga,
O céu límpido e com um azul claro,
Com toda sua grandeza enigmática,
Convidavam meu cérebro a pensar...
Algumas nuvens flutuantes ao sul,
Alvas, com suas formas aquáticas,
Fizeram a minha cabeça imaginar!
Ao comando do devaneio e vontade,
Moldavam-se na forma que eu pedia,
Realizando todos os meus caprichos...
Transformava-se em linda beldade,
Monstros saídos da minha fantasia,
E desenhos feios de estranhos bichos!
Com tanta sobra de harmonia silente,
O meu corpo teve o pronto descanso,
Que o espírito estava ansioso a pedir...
Na tarde morna e perfeita deste dia,
Aquela brisa fresca era como balanço,
E suavemente, fez este caboclo dormir!
Acordei com o som de um grito agudo,
Dum carcará, o feroz e valente gavião,
Perseguindo implacável o vôo da caça...
Fiquei estático, e contemplando mudo,
Com a adrenalina agitando o coração,
O final do tempo que eu vivi em graça!
Com suas garras longas bem afiadas,
Segurou a presa uma alva pombinha,
Que deixou tufos de penas soltos no ar.
Num galho da árvore, a mais copada,
Segurando sua presa agora quietinha,
O caçador serenamente, veio pousar!
Acabou-se para este caboclo a beleza,
De um momento que foi quase perfeito,
Naquelas boas horas que eu ali passei...
Mesmo sendo um amante da natureza,
Aquele sangue caindo sobre meu peito,
Me entristeceu, me magoou...Eu chorei.
Trovador