"NATURAL - II -"

Valdemiro Mendonça

Sentado a margem de um belo rio

Sob a ramagem densa e protetora

De uma árvore alta e muito antiga...

O sol espantou a friagem matutina,

E naquela sombra boa, acolhedora,

Meu corpo sentiu uma brisa amiga,

O céu límpido e com um azul claro,

Com toda sua grandeza enigmática,

Convidavam meu cérebro a pensar...

Algumas nuvens flutuantes ao sul,

Alvas, com suas formas aquáticas,

Fizeram a minha cabeça imaginar!

Ao comando do devaneio e vontade,

Moldavam-se na forma que eu pedia,

Realizando todos os meus caprichos...

Transformava-se em linda beldade,

Monstros saídos da minha fantasia,

E desenhos feios de estranhos bichos!

Com tanta sobra de harmonia silente,

O meu corpo teve o pronto descanso,

Que o espírito estava ansioso a pedir...

Na tarde morna e perfeita deste dia,

Aquela brisa fresca era como balanço,

E suavemente, fez este caboclo dormir!

Acordei com o som de um grito agudo,

Dum carcará, o feroz e valente gavião,

Perseguindo implacável o vôo da caça...

Fiquei estático, e contemplando mudo,

Com a adrenalina agitando o coração,

O final do tempo que eu vivi em graça!

Com suas garras longas bem afiadas,

Segurou a presa uma alva pombinha,

Que deixou tufos de penas soltos no ar.

Num galho da árvore, a mais copada,

Segurando sua presa agora quietinha,

O caçador serenamente, veio pousar!

Acabou-se para este caboclo a beleza,

De um momento que foi quase perfeito,

Naquelas boas horas que eu ali passei...

Mesmo sendo um amante da natureza,

Aquele sangue caindo sobre meu peito,

Me entristeceu, me magoou...Eu chorei.

Trovador

Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 25/04/2012
Reeditado em 25/04/2012
Código do texto: T3632378
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