NO MATO
NO MATO
(Lena Ferreira)
E foram calmos
os dias passados por lá
entre o verde vivo e o azul celeste
entre o acalanto dos passarinhos
e o farfalhar do vento nas árvores, fim de tarde
Sem alarde, as noites traziam sempre estrelas
e tão de perto que carrego, ainda, a impressão
de que se esticasse um pouquinho a mão, poderia tocá-las
O cheirinho da terra molhada pelo sereno
acalmava qualquer pensamento aflitivo - que, em mim, já não existia -
e serviria de anestésico para os insones; eu, não mais
E foram calmos
esses últimos dias
e se não trago, na bagagem, poesia
é porque ela preferiu ficar por lá.