Solstício de Inverno
Retorcem-se árvores, preparadas para o frio
Contorcem-se, elas, em seu vago movimento
Entortam-se, árvores, num mover tão lento...
E nada as nota, só o nada e o vazio.
O vento gela as matas, em anúncio no inicio
Falando com sua voz, chamando o solstício
De inverno... É o inverno, elas sabem, todos sabem...
A floresta se recolhe, a pura neve sobressai.
É bem vindo o azul gelado, é bem vindo ao meu ser.
Ele gela com a água, forma os cristais mais lindos
Todo esse frio para mim sempre é tão bem vindo
Ele gela a minha alma, branco em todo o meu ver.
Deito sobre a alva neve, amontoada, anjo
Pele de lobo branco, aconchego e arranjo...
A dor do frio é boa, é uma anestesia leve
Ah, só Deus sabe o quanto eu amo essa neve...
Tudo é tão profundo, tudo é calmo e bom.
É toda uma paz, não ouve-se um som...
No inverno há silêncio, no solstício há angustia
O diamante, a pedra, tão bela e tão rustica.
Um coração selvagem, ama a mata e a geada...
Um coração poeta, ama tanto a temporada...
O coração silencioso, dorme com este solstício
Para sobreviver ao mal verão difícil.