Inverno
Congelados, prelúdios do tempo,
Serenos, vagos, sopros de um vento
Gelado, amargo tão azul e branco...
É o arauto de um sonolento
Um longo fim, um lento e bom momento
Inverno, frio, maravilhoso,
Alvo, belo, esplendoroso.
Salpicado de cores azuis
E de rara e impenetrante luz.
Um lago negro e silencioso
Exprime algo fundo e doloroso
Uma emoção bela, solitária
Como as boreais araucárias.
Que jazem cobertas de neve branca
Aonde brincam as nossas lembranças.
Nesta cabana vazia
Só, nesta noite esguia
De inverno, lá fora a tempestade
E ainda a memória invade
A minha mente calma e vazia
Enche de tristes dores, agonias.
Vento frio, cristais brilhantes...
Fogo, chamas bruxuleantes
Numa lareira quente e crepitante
Deitar, adormecer num instante
Esquecer do ontem, dormir
Sobreviver ao frio, insistir
Manter-se longe, resistir.
Algum tempo, preciso desaparecer
No nada e branco, apenas esquecer.
No inverno, como uma longa noite
Coberto, confortável, adormecer.
E acordar
Com a primavera
Florescer
E
Renascer.