A SINFONIA DO SILENCIO- ALVORECER
5.00hs da manha
A claridade ainda se prende no átrio escuro da noite
Músculos relaxados estendidos sobre a cama repousam profundamente
Corpos dormem, as pálpebras caídas, são portas fechadas
Que aprisionam a calma e o abandono do corpo
A pele cor de maçã respira macia
Toda expressão do rosto é lívida
Os lábios em tons de carne, estão soltos,
As pupilas aquietadas,
O vento leve balança a cortina num bailado suave
O tempo está parado e sua silhueta se projeta nas paredes brancas do quarto
Pode-se escutar o voo de uma borboleta, achegando-se à janela
As nuvens estão desmaiadas no céu
O lençol da mansidão caida, lentamente cobre todas as coisas
O relógio digital sem barulho empurra o tempo imperceptivelmente
O mundo do alvorecer é mudo e tem as mãos de veludo
Acariciam o dorso da montanha e os rostos enfiados nos travesseiros
A coruja cochila pendendo a cabeça
As árvores ainda dormem, nenhuma folha se mexe
O infinito que se desdobra depois do horizonte,
Toca sua flauta doce e inaudível
Mas eis, que de repente,
Um pássaro distante faz tremer o vidro fino do silencio num cantar tímido e solitário,
Como resposta a este chamado, uma luz dourada se mexe no horizonte
A palidez da terra começa a se desmanchar, ganhando laivos de vida
O corpo descoberto procura pelo cobertor e se encolhe
Lentamente o lusco-fusco começa sua eterna batalha com a claridade
O manto da noite começa a ser puxado vagarosamente, desnudando-se o palco da vida
A manhã com tons misto esbranquiçados e rosa começa a pintar nos cantos do céu
De repente... ouve-se um estalo...............,
O velho relógio meticuloso desperta o mundo com seu som estridente
O corpo, a mente e as almas despertam
Os pássaros batem continência e rasgam-se em cantorias
Tudo desperta, a vida também explode em todos os quadrantes
Dentro do homem
Esfomeada de horas, de atos e de continuidade!
Nasce mais um dia!