Uma lágrima tem o sabor de um orvalho?
Ela surgiu assim
Espontânea e sem razão aparente
Seria um chamado pelo coração?
Haverá sentido do coração que chega tardiamente à nossa razão?
Transparente e suavemente quente deslizou rosto abaixo
Não haveria sabor caso ela partisse e tomasse o rumo do espaço vazio
Mas ela chegou aos lábios e ali um leve sabor agridoce
Foi percebido pela língua e diluído numa fração de segundos.
Assim nascem os orvalhos da Natureza que chora
Imperceptível pela razão insensível do Homem
Ela chora numa noite de solidão abandonada ao relento
No sol que nasce desaparece os vestígios de tanta dor.
O Homem se cala diante da Natureza que geme
Encobre com os seus arroubos de arrogância e de poder econômico
O desrespeito que lentamente irá destruir a sua própria vida.
Só pelo coração estes momentos serão eternizados.
E quando as avalanches, as inundações se transformam em carências materiais e chegam à maioria, percebem todos porque uma lágrima que cai tem o mesmo sabor de um orvalho que esvanece.
Tanta podridão levada aos céus de onde a Natureza transforma um
simples orvalho numa lágrima poluída pela razão do Homem, Senhor de todos os poderes.