Flamarion Costa.
Das entranhas do Cerrado
verte tantos aguados...
hoje quase todos minguados...
Desmatamento das orlas dos rios,
leitos assoreados
rios sugados das entranhas da terra
por máquinas de sucção potentes
reservatórios particulares...
Plantações...
Plantações...
Plantações!!
Ah meus santos da devoção
onde vamos parar com tanta devastação!
O Principe poeta
enclusurado em sua anciedade
não mais chora os ais
que nos acalanto sonhos
e nos deixa por herança
estrofes magistrais
do que foi um dia
nosso rio, nossa terra...
Correntina, Correntina!
O ninho perdido...
A india morena de beijos sutis!!!
ode que valsou em nossos sonhos
Correntina, Correntina!
Hoje a vida é incerta,
saudade dos versos do Teofilo
pétalas de quimeras
entre sonhos pedidos,
dentro de nós
lembranças que valsam,
sonhos que findam!
"Também quero oh minha terra querida, em teus braços
feliz reclinar e com lagrimas
colar-me aos teus seios
para nunca querer ti deixar"
Quantas nascentes mortas
hoje lembranças em fotos emolduradas...
Em seu lugar megas plantações!
- A vida pelo grão!
O Rio Formoso
perdeu seu porte caudaloso
o Arrojado
cansado se esbarra
De pedra em pedra
que atropelam o caminho...
segue tentando chegar
a que custo, morrer no mar.
Todos estão cegos
Nao vêem sem o fim
E a natureza sem forças,
Inutilmentevtenta vencer o homem...
O rios tornam-se riachos,
os riachos regos
e os regos canais de lama
onde se encerra os sonhos!
O Rio das Éguas
mais parece um rego torto
mesmo cristalino,
predestinado a morte.
Passa pela cidade pedindo socorro
marulha triste oração
ninguém escuta
seu gemido de dor
e segue morimbundo
deixando atrás
um rastro de lembranças ternas...
Uma tragédia anunciada
o nosso fim.
12 bacias hidrográficas
agonizam
Enquanto a flora, a fauna
Jaz
as proximas vitimas...
seremos nós?
Os remansos
não mais fervilhas as águas
morremos nós, na inercia!
morre a esperança...
morre o porvir!
Não são mais aqueles rios
inspirando beleza... poesias!
Do fantástico Rio das Éguas
um dia represaram águas
sem que fosse desfeito o encanto
das cachoeiras.
Gerou-se a luz
hoje sem cachoeira e sem água
A usina tornou-se peça de museu.
Ribeirões e descampadas
solos fértis vida pueril e nós,
todos nos, a deleitar ante a visão
do alto de um pau de arara
ao cruzar o cerrado em contemplação...
O Cerrado... cerrado
Tudo hoje são lembranças
exuberantes
nas trilhas do areião!
Às nascentes dos rios
O Rio das Éguas... Rio do meio!
O Rio Carinhanha... Rio Itaguari!
O Rio Curaçã... Rio Grande!
O Rio de Ondas, Rio das Pedras!
Rio Preto... Rio do Ouro,
Rio Pajeú e o Rio Sapão!
O Rio Jacaré... Rio Paramirim,
Rio das Rãs! O Rio Salitre...
Rio Santo Onofre... O rio Verde...
Eram tantos os rios!!!
Todos no oeste brasileiro baiano
e tantos desses
já não existem mais!
Eram tantos rios passando
por baixo de pontes e pinguelas
e hoje tantos leitos secos!!!
o homem ate a si mesmo destrói.
Trocaram a água pelo grão
megas plantações...
Sugando do seio da terra
Agua pra fazer irrigacao!
Águas que se juntavam
formando grandes rios..
Rio Corrente
encanto de SaMaVi
Seu porto
fervilhado de mercadorias
escambo...
assombro de alegria sua navegação.
Aguas habitadas por cardumes
e mais cardumes
subiam pra desova
e desciam sorrateiros
envolvidos no aguaceiro
Que invadiam
Às cidades ribeirinhas...
Quantos sertanejos resistiram
deixar suas terras
E foram expulsos ou mortos
pela posse das terras...
Corredores de navegação
foram extinto
foi-se o tempo
dos mercados flutuantes...
sonhos mirabolantes,
pescarias, pequiniques...
Hoje nada mais é como dantes,
nas terras do meu sertão!
Saudade da corrente do corrente ...
do cais de SaMaVi...
do tamarindo estaleiro
dos Jatobás na beira do rio! ...
Hoje navegável
são as nossas lembranças
onde deleito por horas apreciando o vai e vem
no "Porto de SaMaVi" ...
Vida farta sonhos férteis!
São tão reais as lembranças
que ouço ao longe
o apito do velho gaiolão
O Nilo Peçanha,
o Venceslau Bras...
a alegria dos passageiros acenando as mãos
fosse na chegada...
na partida...
Amores que iam e chegavam
lágrimas de alegria e tristeza
Emoção na beira cais!
No velho mercado municipal
o comercio se abastecia
água de cheiro
tecidos e bordados
bijouterias... pescados!
Coisas vindas da Capital
Armarinhos,
máquina de costura
geladeiras, rádios,
televisao...
de tudo se via,
luxo e conforto se comprava
na chegando Casa União...
O empório sobre águas
Dava-se as mãos dadas
com a civilização.
No cais homens rudes
e fortes em frenéticas filas,
embarcavam sacarias
fardos de algodão.
sacas de açuçar mascavo
latas de banha de porcos
e peles de bois e carneiros...
Doces empalhados
na folha da bananeira
conservas apimentadas...
manteiga de engarrafa
fumo de rolo
requeijão... feijão!
Rapadura e farinha de mandioca
Pescados frescas e seco
- Era um verdadeiro escambo...
Ferramentas e arame farpados
e tantas outras iguarias
navegavam nossos rios
Num leva e trás se vivia
a vida! os sonhos
Com fé no porvir.
Época de sonhos e devaneios
na alegria do apito do vapor.
Quem não sonhava
um dia descer
o rio numa viajem de vapor!..
De quando em vez
o rio invadia a cidade
as fazendas e
arrastava tudo
que se punha no caminho!
medo e encanto
misturava-se as emoções!
Tudo ficou no passado
e hoje só vestigios dos sonhos,
Da vida que passou!
O homem
por ignorancia ou ganância
invadiu as cabeceiras dos rios...
até quando... até quando!
O preço do progesso
é o nosso espanto
evolução tecnologia
Industria, veículos, bancos
maquinário de ultima geração
irrigação, desmatamento, devastação!
Lamentos e prantos,
invasão, grilagem
e aos trancos e barrancos
a corrida desmedida
por produção...
E mesmo agonizante
o Velho Chico a transposição
a lesperança do nordestino,
pelas maos de um homem
Justo e íntegro.
Ninguém acreditavá
que um dia a fonte secaria
E a mina minguou
e dos leitos assoreados
a vida se extinguiu
os peixes sumiram...
Pra onde foram os dourados,
pintados, piaus, pacus?
Até piabas
hoje difiil de se vê...
Os rios perderam a vida
E de sede chora
enquanto os gafanhotos sulistas
devastam o oeste baiano!