COISAS QUE ADMIRO
Admiro o vaga-lume
Na escuridão voando
Com lanternas naturais
Acendendo e apagando
Imitando as estrelas
No infinito piscando
Admiro o João de barro
Sem o barro cozinhar
Construir a sua casa
Sem a chuva desmanchar
Dormir com a porta aberta
Sem medo de a cobra entrar
Admiro é a cobra
Sem ter pernas caminhar
Subir em um coqueiro
De La de cima voltar
Ter veneno em sua boca
E só os outros matar
Admiro o beija-flor
Com ligeireza demais
Parar voando no ar
Seguir pra e pra trás
Esse vôo de macha ré
Somente ele isto faz
E quem nasceu primeiro
Foi o ovo ou a galinha
Se disser que foi o ovo
De onde que ele vinha
Como ele gerou pinto
Se galo ainda não tinha
Admiro a minhoca
Dentro da terra viver
Comendo a mesma terra
Sem a terra lhe comer
Subir pra cima da terra
É sinal que vai chover
Admiro a mulher
Feita de uma costela
Rainha das criaturas
Do que a rosa mais bela
Na obra da criação
Nada existe como ela
Admiro é o homem
Sendo o rei dos animais
Com inteligência e razão
Palavra e outros sinais
Dominar todos os seres
Não poder viver em paz.
Poeta de Várzea Alegre Ceará.
Poesia de: Miguel Alves de Lima (Miguel Delfonso) das Panelas.
Autodidata, Miguel Delfonso era agricultor, e profetizava chuva no sertão.
Casado com: Joana ferreira Lima gerarão dezoito filhos, inclusive eu.
Obs. Essa e outras poesias estão em sua obra. Poesias de Miguel Alves de Lima.