AS ÁGUAS DE JANEIRO
Cai a chuva atordoada
Ventos e relâmpagos cortam o céu
Explodem as trovoadas
O homem acende a luz
Medroso, esconde-se
Faz o sinal da cruz
As plantas encharcadas
Dançam loucamente
Num frêmito de excitação
Os bichos se enfurnam na mata
Galhos voam, árvores se dobram
A água a todos maltrata
Sem demonstrar menosprezo
O rio cheio, carrega o grande tronco
Como um animal indefeso
Um barranco desaba
O riacho se alarga,
faz redemoinho
Houve-se um estrondo
Casas ruem
O cenário é hediondo
O vento em transe retorce, assobia
A natureza mostra sua força
Fecunda, mata e procria!!