PÁSSARO LIVRE

A gaiola abriu-se ao amanhecer,

de um vento traiçoeiro,solidário.

E livrou das grades meu canário,

que debalde comigo tentei reter.

Voou tão contente, tão ligeiro,

sem nunca ter aprendido voar.

E exultante de vida foi cantar,

num galho florido do pessegueiro.

Ah, se soubesse que era assim,

libertar um pássaro sem defesa.

Devolver seu encanto à natureza,

trazê-lo para mais perto de mim.

Seu cantar pareceu mais feliz,

mais viva sua linda cor amarela.

Como um quadro pintado a giz,

bem ao lado da minha janela.

Canarinho que ilustra a manhã,

que faz minha dor menos sentida.

Faze de teu alegre canto meu afã,

da existência em paz desmedida.

Samir Fernandes
Enviado por Samir Fernandes em 13/01/2012
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