PÁSSARO LIVRE
A gaiola abriu-se ao amanhecer,
de um vento traiçoeiro,solidário.
E livrou das grades meu canário,
que debalde comigo tentei reter.
Voou tão contente, tão ligeiro,
sem nunca ter aprendido voar.
E exultante de vida foi cantar,
num galho florido do pessegueiro.
Ah, se soubesse que era assim,
libertar um pássaro sem defesa.
Devolver seu encanto à natureza,
trazê-lo para mais perto de mim.
Seu cantar pareceu mais feliz,
mais viva sua linda cor amarela.
Como um quadro pintado a giz,
bem ao lado da minha janela.
Canarinho que ilustra a manhã,
que faz minha dor menos sentida.
Faze de teu alegre canto meu afã,
da existência em paz desmedida.