CAÇADA
Foi naquela hora que eu me lembrei
dos passeios à luz de velas
procissões nas quais caçávamos
borboletas da noite.
Na penumbra parecíamos
duas estrelas mergulhando
no mar de escuridão...
Éramos capazes de extrair
da pior treva asas luminosas,
arco-íris voadores
ou então, se estivéssemos com sorte
víamos os casulos se abrindo
e a mágica da vida contrastava
com a turbulência da morte
que logo lhes pegava
as corujas pegavam as pequenas
as aves de rapinas a maioria
as que sobravam iam para nossas redes
e depois as cozinhávamos em fogo brando
para servir suas asas na sopa
que dizia ter poder afrodisíaco.
(Do Livro “Suicídico”)
Diego Duarte,
Poeta solitário