Surpresa
Não esperava aquela surpresa!
Por muito tempo escavei no chão duro,
só, com as próprias mãos a procura do sonho.
Feri a carne e rasguei a terra, pacientemente.
E só parei quando a borboleta amarela
no seu voo desajeitado
pousou na minha poeira.
__Ela trazia novas das minhas latitudes!
Segredou-me caminhos, várias vezes ao ouvido...
Joguei fora os meus nãos
e combati de peito aberto
ferindo a terra e rasgando a carne...
Não esperava aquela surpresa...
Minhas pepitas estavam lá no fundo
muito além do meu tempo, muito além da poesia!