Romance da Árvore
O papel, que é tão frágil,
de simples árvore,
a qual brincávamos,
quando criança.
Hoje!
Hoje, eu escrevo,
na árvore, que virou papel,
estes versos a você!
Você! Tão espantada,
ao olhar a árvore, que íamos brincar,
na palma de sua mão!
Lê e assombrada,
chora de emoção,
hora eu escrevo sobre nossa infância,
hora escrevo o que sinto.
Em versos, estrofes,
sem exagero de amor,
sem exagero de dor!
Afinal cortaram a árvore!
Cortaram a árvore,
na qual brincávamos,
nos conhecemos,
nos gostamos.
Enfurecida, chora,
mas deixa passar,
a voz da alma,
que olhando pro papel,
também chora.
Cortaram a árvore,
que com sua sombra,
nos cobria,
enquanto almoçávamos e brincávamos.
Aquela árvore,
que num piquenique,
conheceram-se nossas famílias,
e por destino, nos conhecemos.
Da angústia, desce um ardor na garganta,
uma vontade de pular na lagoa,
mas como?
Sem a sombra da árvore?
Engraçado,
eu aqui falando de uma árvore,
mas que foi tão presente,
nas tardes de verão,
nas noites de outono,
e nas manhãs de primavera.
A árvore, que frutos nos dava,
que refúgio do intenso sol de verão,
e que dava lar, aos passarinhos, que resistiam a ira dos jovens em uma busca incessante para ver quem matava mais, quem derrubava mais!
Ah! sim, lindos eram aqueles pássaros!
Eu lembro-me,
da primeira vez,
que lhe beijei,
eles cantavam com tanta ternura;
uma linda melodia,
que por Mozart parecia,
ser composta.
Mas crescemos,
vieram outros amores,
outros esplendores,
mas de todas as bocas, que já beijei,
que já provei.
Nenhuma delas se comparam a tua!
Enfim, espero que aproveite,
este bloco de papel,
feito da velha árvore!