Noite

Óh! Noite: clamor do dia!

Tu, de veludo acobertada,

de desejo arrebatada,

de suplício imunizada,

de prazeres tão dotada.

Ó, noite, que a mim devoras,

e o teu seio que aqui me tocas

e esse ansei com que me contornas...

Ó, noite, quando vai escurecendo e a tua boca se aproxima,

vem-me um tal toque que me axcita,

e me consome em carne viva!

Ó, noite, dos cristais amantes,

e essas perolas que em ti pendidas,

são de teu luxo e luxúria vítimas.

Ó, noite que traz em ti um cristal de rugas,

que vai e volta "fria" e "muda".

deitada em teu leito desliza pura.

Ó, noite, de tuas entranhas, negra e crua,

brotam cantos, sinfonias que em mim se enrosca,

e me toma todo teu e em ti comportas.

Ó, noite, que me velas no fechar da luz dourada,

que me embalsa em doces contos no fluir da madrugada!

Ó, noite, vai-te embora

pois já chega a alvorada!

leo batista
Enviado por leo batista em 31/10/2011
Código do texto: T3308957
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