O Rio Piancó

Que tanta pena nos faz,

tanta água desnivelada;

num solo infrutífero, jaz

onde não verdura plantada!...

( digo da falta de benefícios e proveito das águas que se perde, numa terra tão seca quanto o sertão!...)

Tuas águas nascem em conceição

enche Mãe d água em Coremas;

banha a Paraíba e o sertão

de pedras, forquilhas e juremas.

A tua marcha é tão lenta

Percorrendo a cabroeira seca,

O homem pobre a dispensa,

O bode, berra e salta cerca.

Tua riqueza é imensa

Mas tão mal aproveitada;

plantação de capim intensa

Pra criação de gado ossada.

Melancia laranja e tangerina,

amendoim mandioca e batata,

são importados de campina

em caminhões, sacos e lata

Quando o comércio revende

melancia, 1 quilo, 90 centavos;

laranja, 4 é um real; não rende

o preço da compra de 3 ovos.

O rio corre desenfreado

sem ter seu próprio consumo,

o homem do campo apalavrado

o governo, sem um pé de fumo.

Teu destino esbarra em Açu

enriquecendo o Rio Grande do Norte;

mistura-se ao mar, esquecendo o sul

onde os homens não lhe deram sorte!...

Jairo Araújo Alves
Enviado por Jairo Araújo Alves em 07/10/2011
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