O Rio Piancó
Que tanta pena nos faz,
tanta água desnivelada;
num solo infrutífero, jaz
onde não verdura plantada!...
( digo da falta de benefícios e proveito das águas que se perde, numa terra tão seca quanto o sertão!...)
Tuas águas nascem em conceição
enche Mãe d água em Coremas;
banha a Paraíba e o sertão
de pedras, forquilhas e juremas.
A tua marcha é tão lenta
Percorrendo a cabroeira seca,
O homem pobre a dispensa,
O bode, berra e salta cerca.
Tua riqueza é imensa
Mas tão mal aproveitada;
plantação de capim intensa
Pra criação de gado ossada.
Melancia laranja e tangerina,
amendoim mandioca e batata,
são importados de campina
em caminhões, sacos e lata
Quando o comércio revende
melancia, 1 quilo, 90 centavos;
laranja, 4 é um real; não rende
o preço da compra de 3 ovos.
O rio corre desenfreado
sem ter seu próprio consumo,
o homem do campo apalavrado
o governo, sem um pé de fumo.
Teu destino esbarra em Açu
enriquecendo o Rio Grande do Norte;
mistura-se ao mar, esquecendo o sul
onde os homens não lhe deram sorte!...