A boca da noite

A sombra engolindo a criança

com os pés descalços,

com o lenço na mão suja

e o mormaço,

nos umbrais da alma soturna,

suscitando a bafagem

ternamente,

dos que sofrem calados...

O mistério vai beirando

pouco a pouco

as almas e as tempestades

hospeiras,

da fonte já escassa.

Esvaecido ardor

e lágrima

que furta sem cor,

a pele flertada do além,

onde tudo é pesado,

e onde tudo

vai sendo varrido

e deixado,

pelas naus que ancoram

os portos,

de trevas

e solidão!...

14 de fevereiro de 2009.

Jairo Araújo Alves
Enviado por Jairo Araújo Alves em 06/09/2011
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