O mar...

Oh pálida engrenagem deserta!

Sem vistas, nem horizontes;

Têm de fibras, - as fontes,

De ondas, - os rumores que desperta.

Dilui-se, o incenso descomunal,

Ó plagas vibrantes, de mutiladas

Formas, auréolas desbotadas:

- Conchas, pérolas e arsenal!...

As marés descansam as areias,

Os navios, de esmeraldas suspensas,

Abordam as milhas extensas;

- Boiam-se os sonhos, afundam as serias!

Derramem-se a cinza destemperada,

Do azul, - essências oceânicas;

O instinto âmago das orgânicas,

Estética de uma nau abandonada!

Pousa mórbida, a neblina escassa,

Filtro, destes vãos abastados,

Ventos, destes nortes desamparados,

- As vossas orlas vêm e passam

E sempre, nas valas consumadas,

Soam velas, destoem-se os portos,

Que a aurora acampa os mortos,

O mar, - tuas dores proclamadas!

Pombal, 21 de setembro de 2009.

Jairo Araújo Alves
Enviado por Jairo Araújo Alves em 28/08/2011
Código do texto: T3187770