A garça

O sol começa nascer,

e o vício do aroma se esvai

a beira do rio;

pescoço encurvado,

pouso eterno,

a garça,

sobre a galha seca do

paud'arc,

teus olhos entre abertos;

abelhas,

pernilongos,

e outras

mil

asas

agitas,

como o tremer d'água ondulante

até o fim da praia de lama...

Da tua íris repleta,

-os deslizes,

os ensaios,

dos primeiros raios,

no colorir

estético

das virações!...

Ouvem-se cânticos,

d'outros pássaros,

do bulício que verga as harmonias,

faces vivas,

máscaras mortas

Imagem sombria,

levezas d'alma

de penas,

e por pena

vive

os gestos do gênio;

se não,

a idêntica monotonia,

do hábito singular;

se não,

os arroubos panorâmicos,

paraíso

sem riso

sem cor

sem mágoa!...

Qual alvura

padece mais,

ao látego do paud'arc?...

Pombal, 20 de janeiro de 2009

Jairo Araújo Alves
Enviado por Jairo Araújo Alves em 27/08/2011
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