HOMEM SAPIEN - (S.A.P.I.E.N – Só As Pessoas Inteligentes Entendem Nós)

O homem nasce Objeto

Quando sem sequer baixar decreto

Torna-se escravizado por uma mulher

O homem cresce Objeto

Ainda quando em posição de feto

Fica a dever aos seletos

Favores de um simples ninar, soluços e tapas pra regurgitar

O homem vive Objeto

Quando num tempo que nem se sabe ao certo

O homem se sente invadido, explorado, descoberto,

revelado encontrado e deserto por dentro

O homem se sente objeto

Quando as narinas já não refina o ar que inspira

Tudo se aglutina entre os lábios e as lágrimas salinas

Observa-se a alma vagando como ave de rapina

O chão se perde entre passos desajustados que é rotina

É o sangue com validade vencida pela a hemoglobina

O homem envelhece objeto

Quando a mulher que ele ama já não lhe vê na cama

Quando um segundo sem beijá-la tornam-se semanas

E os pensamentos que você carrega por essa mulher

são encargos concebidos

pelos fardos de problemas que levastes de quem ama

O homem adormece objeto

Quando nada que fizeste

na lembrança dela não passa de cacarecos

Retratos amarelados pelos olhos lacrimejados do tempo

Os beijos levados a se perder

Pelas estradas rachadas de um lábio

Que se parte pelo beijo refinado de um vento

Um rosto enrugado, bestificado por se dedicar

a quem jamais lhe viu com afeto

Fora um homem que despertou desejo

Mas que por um momento de silêncio

dormiste monogâmico

E acordaste o mais moderno dos objetos

O homem morre objeto

Quando a imunidade invade a cidade

em que vive o homem deste homem

A gula e a servidão o leva a escravidão

de servir a quem tem fome

Perde-se a identidade

A localidade de sua própria cidade some

Cega-se a visão da vista e tudo que se avista

está longe do alcance

Vai-se o reflexo, ele se encontra correndo a toda velocidade

para alcançar o perto

E ás vezes em dois passos chega-se ao precipício do deserto

E amanhã dirão: lá se foi um grande homem

Amou como pouco, viveu como muitos, sofreu como todos

Hoje sem sombra, sem sorriso, sem aspecto

Que homem para o mundo,

Mas para ela somente uma lágrima revela seu choro indiscreto

Pois a dúvida lhe corrói a mente

Onde encontrar mais um belo exemplar

Daquele homem objeto.

(Mauricio Ife)

Contato: maumau_cezar@hotmail.com