O MAR
O MAR
Saudades..., do mar
Majestoso esse teu olhar
Mesmo que bravio
Revolto, nele quero estar
Nas brumas me esconder
Navegar, mesmo sem navio
Nadar sem rumo saber.
No mar, não há assalto
Sou incauto a trafegar.
Nas ruas, sou cagão em alto mar
Sou naufrago no asfalto.
Não há cônjuge a tagarelar
Famílias a te recriminar
Políticos a te usurpar
Filhos a te perturbar.
Só há, barulhos sem ruídos.
É o único lugar
Onde se pode matar
Não há juiz a te julgar
Faz parte da cadeia alimentar.
Em tua lauta calmaria
Somos folgazões bebericantes
Nas tuas cores em romaria
Avisto bundas petiscantes.
E, na tua brisa forte
Sul ou norte
Traz-me a consorte.
Em suas correntes
Não há quem o sela
Não existe querela
Quem o pegue com tela
Somos presos sem trela
Barcos sem vela
Sentenciados sem cela
Somos,... Mortos sem vela.
Em tuas avenidas
Nas ruas coralinas
Há vida.
Em teu silencio espalhafatoso
Há esplendor.
No teu cheiro,...
Inconfundível sabor.
Quem vive no mar
Não morre sem ar.
O esgoto vem do teu lar
De o teu dar
Do teu par
(...)
Do teu bar.
Nele, ainda há
Lixo nuclear
Dá p’ra acreditar!!!
Há fartura alimentar
Você, não é obrigado a votar
Impostos a pagar.
Ainda há
Segredos a desvendar
Há humanos a atrapalhar
Poluir, assassinar
Inescrupulosos a explorar.
Como deve ser bom,...
... Mata-los no mar.
CHICO DE ARRUDA.