O Andarilho
O andarilho desde cedo, esta pelas ruas a vagar
Esta pelas montanhas, esta pelo deserto
Esta contemplando o céu, a terra, as árvores e o mar
O andarilho não se preocupa
Não sabe aonde quer chegar
Seu transporte são as pernas, seu desafio ? Se equilibrar
Ele anda de dia, anda de noite, quase não dorme
O andarilho tem dinheiro, mas vive como pobre
Pode pagar SPA, hotel e cabelereiro
Mas prefere ostentar uma barba, prefere dredar os cabelos
O andarilho é carioca, mas anda pelo Brasil inteiro
Seu berço é a boêmia, seu templo é o Rio de Janeiro
Seu sangue é o vinho, mas seu corpo não é o pão
Não falo de nenhum carpinteiro, não falo de nenhum pai João
Falo do andarilho, falo do coração
Do coração de quem anda
Anda com a palma das mãos
Que calejadas sangram, sem nenhuma razão
Falo dos olhos sem rumo, da simplicidade sem o desespero
Falo de quem faz fogo com gravetos, falo de quem não precisa de isqueiro
Falo daquele que caminha sem fé, sem expectativa, almejando um café
Falo da vida como um espetáculo de ballet
Sabe como é... Não vou me queixar
Tudo que posso ter, a natureza me da
O andarilho só tem um caminho... Todos
Seu sonho não é se fixar, sonhar para ele é perda de tempo
A vontade é o que o faz caminhar
A vontade de se perder
A vontade de se encontrar
A vontade de se esconder
A vontade de se mostrar
O andarilho faz malabarismo, toca piano, toca bateria
O andarilho faz de tudo um pouco, faz um pouco a cada dia
O andarilho quer explorar... O andarilho quer aprender
O andarilho não quer se formar, o andarilho não quer se prender
Ele quer voar, ele quer aparecer
Ele quer andar
Ele não quer morrer