O GERMINAR DAS ESTAÇÕES

O inverno avança no hemisfério sul

A geada cobre o rosto das planícies de uma mortalha branca

Os campos se pintam de um tom pálido de livro antigo.

O frio envelhece a paisagem!

O vento regelante geme na madrugada, murchando as flores

Esvoaçam os véus do silencio, seus ecos ressoam pelos vales

As sombras do céu se deitam sobre os montes e florestas

Cobrindo o espírito da terra de expiação e vultos fantasmagóricos

As madeiras fecham seus poros,

As ervas acanhadas se ressecam

As brisas rasteiras sopram as folhas caídas

O solo esfriado armazena as sementes do amanha

A mata respira em silencio

O pequeno rio se esforça para manter-se em curso e o verde da vegetação ciliar

As nuvens escuras se esgarçam no alto do céu, preconizando a gravidez das chuvas vindouras

Altera-se o humor dos pássaros!

Os bichos dão passeios mais curtos no seio da mata, à procura do alimento escasso

As abelhas fecham a entrada da colmeia e iniciam o ciclo de adoração à rainha

As estrelas fogem para o infinito em busca de calor

Os vestígios da noite cobrem o cenário de langor e as árvores secas de um estranho martírio

O lago desértico agoniza solitário. Os peixes se escondem nas locas

Os sapos não cantam, os grilos se calam!A coruja emite seus últimos vagidos.

A lua cheia vestida em organza amarela medita desditosa no alto do céu

O homem dorme encolhido. Seus sonhos estão suspensos!

A vida se retrai, as almas se aquietam,

No entanto, no ventre inchado e frio, a mãe natureza não descansa, se contrai em espasmos silenciosos,

Para a concepção da futura primavera

Numa tentativa inútil de preencher nossas almas de flores!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 10/07/2011
Reeditado em 23/02/2024
Código do texto: T3086178
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