Natureza
Natureza, impressionante é...
O estrondo do trovão desperta a mata,
Que se inflama, se excita e se desfaz,
E atormentada geme alucinada.
A ventania sem piedade golpeia a figueira
Fustiga a relva, mexe com ela,
Dela não escapa nem as palmeiras...
Onde cantaram os sabiás.
Diante do sopro devastador e implacável
O passaredo alvoroçado emudeceu,
O arvoredo se retorceu,
Como se ele fosse um gigante alucinado.
Brilham os raios no céu cinza,
Tombam na floresta os troncos seculares,
Morrem as frondosas, nascem os tronqueirões.
Batalha sem vencido, sem vencedor.
Mar atormentado e impiedoso, É mortalha
Que a embarcação desavisada, desvairada,
Tenta superar, mas, logo vencida,
Súbita despedaça.
Chora floresta abatida,
Pelo entusiasmo da tormenta.
Grita mata calada,
Extasiada pelo aguaceiro maldito.
Que vigoroso poder te arrebata,
Toda a calma, ó natureza!
Para dar-te temível grandeza
Que sufoca, fere e mata!...
Eu bem te entendo! A natureza humana,
É por vezes assim, martírio tenebroso,
Destilam, poder no âmago violento,
Origem do conflito e da crueldade.
Mas, como tu, de devastar se cansa,
O infernal braseiro logo esfria,
Das desgraças, então ela se esquece,
Para voltar à grandiosa abonança.